O evento, que acontece entre 12 e 26 de julho, pretende discutir a miscigenação
cultural do País tendo a cantora como ponto de partida e, para isso,
conta com eventos especiais em sete áreas do conhecimento
cultural do País tendo a cantora como ponto de partida e, para isso,
conta com eventos especiais em sete áreas do conhecimento
O Inverno Cultural, programa de extensão universitária realizado pela Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), tem por prática, desde o ano de 2005, homenagear personalidades, obras e instituições que tenham contribuído significativamente para a cultura do país. A 21ª edição do festival, que acontece entre os dias 12 e 26 de julho, não foge à regra. Neste ano, a grande homenageada do festival é a cantora mineira Clara Nunes, que se destacou na música popular brasileira pela fusão dos gêneros tipicamente brasileiros com ritmos e ícones culturais de matriz africana, e, claro, pela voz e pela performance.
Homenagear Clara Nunes é uma idéia que já vinha sendo acalentada há algum tempo pela UFSJ. “Inicialmente, faríamos essa homenagem no ano passado, mas deixamos para 2008 pelo fato de, em 2007, São João del-Rei ter sido eleita a Capital Brasileira da Cultura e o festival não poderia deixar esse fato passar”, conta o professor Alberto Ferreira da Rocha Júnior, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários e coordenador do evento.
A escolha de Clara como homenageada surgiu a partir do projeto de extensão da professora Silvia Maria Jardim Brügger, que vem pesquisando a obra da cantora há muitos anos, sob um viés histórico-cultural. “Clara Nunes tinha uma personalidade que reflete esse Brasil miscigenado no qual vivemos, ela representa a diversidade da nossa cultura ao misturar ritmos distintos, múltiplas religiões nas canções que cantava e também na imagem que apresentava. A figura dela, portanto, é uma janela para discutir uma série de questões da nossa sociedade e da época em que ela viveu”, analisa a professora Silvia Brügger, que, por todo o seu estudo acerca da importância icônica da cantora, é a coordenadora de Homenagem do 21° Inverno Cultural.
Para discutir esse “Brasil Mestiço”, nas palavras de Silvia Brügger, diversos eventos especiais foram preparados dentro de cada uma das áreas de conhecimento abordadas pelo Inverno Cultural. “Teremos apresentações de jongo, de folias de reis, discussões relativas à questão das religiões afro-brasileiras, uma peça teatral elaborada especialmente para a ocasião, intitulada ‘Clara Estrela’, com direção de Adyr Assumpção”, adianta a coordenadora. No campo das artes plásticas, destaque para a exposição do acervo de Clara Nunes. “São vestidos, adereços, objetos pessoais de Clara que foram cedidos pela irmã dela, dona Mariquita, e que vão ser agrupados nessa grande mostra, sob curadoria da artista plástica Liliane Dardot”, acrescenta Silvia. Outro evento especial é o show da sambista carioca Dorina, cuja obra dialoga em estilo e em temática com Clara Nunes. “Dorina vem com um show de homenagem à Clara e eu identifico nas duas uma marca de interpretação em comum”, avalia a coordenadora.
A seguir, ensaio da professora Silvia Brügger que contextualiza a vida e a obra de Clara Nunes sob uma perspectiva histórico-cultural, localizando a importância da homenagem feita pelo 21° Inverno Cultural da UFSJ.
CLARA NUNES – TRIBUTO A UM BRASIL MESTIÇO
Clara Nunes, ou melhor, Clara Francisca nasceu em 12 de agosto de 1942, em Cedro, distrito de Paraopeba, hoje, Caetanópolis, em Minas Gerais. Era a caçula entre sete irmãos. Seu pai, um violeiro, conhecido como Mané Serrador, exercia papel cultural importante na comunidade, sobretudo na organização da folia de reis. No ano de 1944, ficou órfã de pai e pouco depois de mãe, sendo criada por seus irmãos mais velhos, em especial, Maria Gonçalves da Silva e José Pereira Gonçalves. A partir dos dez anos de idade, ganhou alguns concursos de calouros em sua terra natal. Aos 14 anos, começou a trabalhar como tecelã, profissão que continuou a exercer quando se mudou para Belo Horizonte, em 1958. Nas quermesses do bairro onde morava na capital mineira, seu canto chamou a atenção do violonista Jadir Ambrósio, que se tornou uma espécie de seu primeiro “empresário”, passando a abrir-lhe espaços, principalmente, em programas de rádio.
A partir de 1960, quando venceu a fase mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC”, adquiriu projeção nas Gerais, assinando contrato com a Rádio Inconfidência, trabalhando em boates e chegando a ter, em 1963, um programa próprio na TV Itacolomy. Em 1965, Clara foi contratada pela Gravadora Odeon, o que a levou a se mudar para o Rio de Janeiro. “A Voz Adorável de Clara Nunes”, seu primeiro disco, foi lançado em 1966, dedicado principalmente a boleros.
Em 1968, gravou “Você passa, eu acho graça”, música de AtaulFo Alves e Carlos Imperial, que deu título ao seu segundo disco e marcou sua presença no samba. No entanto, ainda assim, sua carreira não atingiu maior destaque. O sucesso só chegou de fato a partir de 1971, quando, a convite da gravadora, passou a produzi-la o radialista Adelzon Alves. De formação socialista e apresentador de um programa na Rádio Globo, “O Amigo da Madrugada”, dedicado, principalmente, ao samba, ele condicionou a aceitação da proposta à total liberdade para dirigir a carreira de Clara. A partir daí, passou a conferir um real direcionamento, uma linha de atuação para a cantora. Não bastava, para ele, que ela gravasse sambas. Era preciso que construísse uma imagem de cantora ligada às raízes da cultura brasileira. Assim, não apenas ela passa a gravar músicas de diferentes gêneros dessa tradição, como sambas, frevos, forrós e jongos, mas sua forma de interpretação vai se modificando - se aproximando de um canto mais popular - e os arranjos também sofrem alterações, incorporando cada vez mais instrumentos de percussão. Adelzon produz seus discos de 1971, 1972, 1973 e 1974. O Lp “Claridade”, de 1975, que quebrou a marca de 500 mil cópias vendidas, foi produzido pelo violonista Hélio Delmiro, que trabalhara com Clara e Adelzon nos discos anteriores. Neste mesmo ano, Clara se casou com o poeta e compositor Paulo César Pinheiro, que passou, a partir de 1976, a produzir seus discos. A marca fundamental de sua carreira estava construída: a relação com os gêneros populares e a busca de ser uma “cantora popular brasileira”.
A construção dessa carreira, no entanto, não se deu como algo externo, incorporado pela artista. Pelo contrário, essa proposta casava-se com sua vida. Vida de menina, no interior das Gerais, em pleno contato com as “forças da natureza” e com os folguedos populares. Vida de operária de fábrica, em sua cidade natal e em Belo Horizonte. Vida de amante das festas populares, fossem as quermesses do bairro da Renascença, o carnaval de BH - do qual foi Rainha em 1964 - ou a festa de Momo carioca, na qual brilhava com sua “Portela na Avenida”. Vida de pessoa profundamente religiosa, criada em família de tradição católica, convertida ao Kardecismo e que se orgulhava de fazer parte do povo de santo, fosse na umbanda ou no candomblé. Vida que perpassava o que cantava e como o fazia. Sua performance não era apenas vocal, associava-se a uma forma de vestir-se e de comportar-se no palco e na vida, no meio artístico ou no universo popular que nunca deixou de freqüentar, na Portela, na Serrinha, em Caetanópolis ou em Angola.
Nessa afirmação do popular, Clara identificou-se sobremaneira com o universo afro-brasileiro. Ao entoar “Ê Baiana”, em 1971, evocou a Bahia e suas negras de tabuleiro como símbolos da nacionalidade, afirmando, no mesmo LP, sua vinculação com o continente africano em “Misticismo da África ao Brasil”. Vestiu-se de branco e usou as guias de seus “orixás de fé”, contribuindo para construir uma imagem positiva das religiões afro-brasileiras. Progressivamente, abandonou as perucas do início da carreira e não só assumiu seu cabelo crespo, como procurou deixá-lo cada vez mais “negro”, inclusive com o uso de apliques para aumentar seu volume.
Mas, a negritude em Clara é mestiça, como explicitou no título de seu LP de 1980, “Brasil Mestiço”, ou no show dele decorrente “Clara Mestiça”, de 1981. Afirmar um “Brasil Mestiço”, para ela, não significava negar sua negritude. Pelo contrário, a mestiçagem em sua obra reafirma as diferenças identitárias, mas não as concebe como pólos antagônicos ou estanques. Percebe-as em diálogos e confrontos constantes. Em sua carreira e obra, não apresenta uma idéia de síntese cultural do Brasil. O samba não sintetiza a música brasileira. Por isso, Clara apesar de toda sua vinculação com o gênero, não queria ser rotulada como sambista, preferia a caracterização de “cantora popular brasileira”. Cantar os diferentes gêneros musicais brasileiros era uma forma de afirmar que a mestiçagem não subsumia a diversidade e que esta não poderia ser resumida em um único “gênero nacional”.
Clara gravava compositores populares, tanto oriundos das camadas excluídas socialmente quanto de classe média. Cantava Capiba, Baianinho, Carlos Cachaça, Xangô da Mangueira, Candeia, Caymmi, Romildo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulo César Pinheiro, entre tantos outros, porque sentia em todos eles elementos da brasilidade que pretendia divulgar. Entoava o amor e os orixás, mas também falava das dificuldades e da exclusão social.
Depois de assistir a celebração das cem exibições do show “Clara Mestiça”, apresentado pela cantora em 1981, no seu próprio teatro, no Rio de Janeiro, Antônio Callado, em artigo intitulado “Brasil de Isabel a Clara”, afirmou: “o espetáculo de Clara Nunes (...) vale muitos livros e muita reflexão sobre este Brasil que ficou longe dos olhos” dos governantes, um Brasil popular e mestiço. A afirmação pode ser expandida para o conjunto da obra da intérprete. E é abraçando a sugestão de Callado que, ao se completarem 25 anos da partida de Clara para o Orum, o Inverno Cultural da UFSJ a homenageia, prestando tributo a um “Brasil Mestiço”.
Homenagear Clara Nunes é uma idéia que já vinha sendo acalentada há algum tempo pela UFSJ. “Inicialmente, faríamos essa homenagem no ano passado, mas deixamos para 2008 pelo fato de, em 2007, São João del-Rei ter sido eleita a Capital Brasileira da Cultura e o festival não poderia deixar esse fato passar”, conta o professor Alberto Ferreira da Rocha Júnior, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários e coordenador do evento.
A escolha de Clara como homenageada surgiu a partir do projeto de extensão da professora Silvia Maria Jardim Brügger, que vem pesquisando a obra da cantora há muitos anos, sob um viés histórico-cultural. “Clara Nunes tinha uma personalidade que reflete esse Brasil miscigenado no qual vivemos, ela representa a diversidade da nossa cultura ao misturar ritmos distintos, múltiplas religiões nas canções que cantava e também na imagem que apresentava. A figura dela, portanto, é uma janela para discutir uma série de questões da nossa sociedade e da época em que ela viveu”, analisa a professora Silvia Brügger, que, por todo o seu estudo acerca da importância icônica da cantora, é a coordenadora de Homenagem do 21° Inverno Cultural.
Para discutir esse “Brasil Mestiço”, nas palavras de Silvia Brügger, diversos eventos especiais foram preparados dentro de cada uma das áreas de conhecimento abordadas pelo Inverno Cultural. “Teremos apresentações de jongo, de folias de reis, discussões relativas à questão das religiões afro-brasileiras, uma peça teatral elaborada especialmente para a ocasião, intitulada ‘Clara Estrela’, com direção de Adyr Assumpção”, adianta a coordenadora. No campo das artes plásticas, destaque para a exposição do acervo de Clara Nunes. “São vestidos, adereços, objetos pessoais de Clara que foram cedidos pela irmã dela, dona Mariquita, e que vão ser agrupados nessa grande mostra, sob curadoria da artista plástica Liliane Dardot”, acrescenta Silvia. Outro evento especial é o show da sambista carioca Dorina, cuja obra dialoga em estilo e em temática com Clara Nunes. “Dorina vem com um show de homenagem à Clara e eu identifico nas duas uma marca de interpretação em comum”, avalia a coordenadora.
A seguir, ensaio da professora Silvia Brügger que contextualiza a vida e a obra de Clara Nunes sob uma perspectiva histórico-cultural, localizando a importância da homenagem feita pelo 21° Inverno Cultural da UFSJ.
CLARA NUNES – TRIBUTO A UM BRASIL MESTIÇO
Clara Nunes, ou melhor, Clara Francisca nasceu em 12 de agosto de 1942, em Cedro, distrito de Paraopeba, hoje, Caetanópolis, em Minas Gerais. Era a caçula entre sete irmãos. Seu pai, um violeiro, conhecido como Mané Serrador, exercia papel cultural importante na comunidade, sobretudo na organização da folia de reis. No ano de 1944, ficou órfã de pai e pouco depois de mãe, sendo criada por seus irmãos mais velhos, em especial, Maria Gonçalves da Silva e José Pereira Gonçalves. A partir dos dez anos de idade, ganhou alguns concursos de calouros em sua terra natal. Aos 14 anos, começou a trabalhar como tecelã, profissão que continuou a exercer quando se mudou para Belo Horizonte, em 1958. Nas quermesses do bairro onde morava na capital mineira, seu canto chamou a atenção do violonista Jadir Ambrósio, que se tornou uma espécie de seu primeiro “empresário”, passando a abrir-lhe espaços, principalmente, em programas de rádio.
A partir de 1960, quando venceu a fase mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC”, adquiriu projeção nas Gerais, assinando contrato com a Rádio Inconfidência, trabalhando em boates e chegando a ter, em 1963, um programa próprio na TV Itacolomy. Em 1965, Clara foi contratada pela Gravadora Odeon, o que a levou a se mudar para o Rio de Janeiro. “A Voz Adorável de Clara Nunes”, seu primeiro disco, foi lançado em 1966, dedicado principalmente a boleros.
Em 1968, gravou “Você passa, eu acho graça”, música de AtaulFo Alves e Carlos Imperial, que deu título ao seu segundo disco e marcou sua presença no samba. No entanto, ainda assim, sua carreira não atingiu maior destaque. O sucesso só chegou de fato a partir de 1971, quando, a convite da gravadora, passou a produzi-la o radialista Adelzon Alves. De formação socialista e apresentador de um programa na Rádio Globo, “O Amigo da Madrugada”, dedicado, principalmente, ao samba, ele condicionou a aceitação da proposta à total liberdade para dirigir a carreira de Clara. A partir daí, passou a conferir um real direcionamento, uma linha de atuação para a cantora. Não bastava, para ele, que ela gravasse sambas. Era preciso que construísse uma imagem de cantora ligada às raízes da cultura brasileira. Assim, não apenas ela passa a gravar músicas de diferentes gêneros dessa tradição, como sambas, frevos, forrós e jongos, mas sua forma de interpretação vai se modificando - se aproximando de um canto mais popular - e os arranjos também sofrem alterações, incorporando cada vez mais instrumentos de percussão. Adelzon produz seus discos de 1971, 1972, 1973 e 1974. O Lp “Claridade”, de 1975, que quebrou a marca de 500 mil cópias vendidas, foi produzido pelo violonista Hélio Delmiro, que trabalhara com Clara e Adelzon nos discos anteriores. Neste mesmo ano, Clara se casou com o poeta e compositor Paulo César Pinheiro, que passou, a partir de 1976, a produzir seus discos. A marca fundamental de sua carreira estava construída: a relação com os gêneros populares e a busca de ser uma “cantora popular brasileira”.
A construção dessa carreira, no entanto, não se deu como algo externo, incorporado pela artista. Pelo contrário, essa proposta casava-se com sua vida. Vida de menina, no interior das Gerais, em pleno contato com as “forças da natureza” e com os folguedos populares. Vida de operária de fábrica, em sua cidade natal e em Belo Horizonte. Vida de amante das festas populares, fossem as quermesses do bairro da Renascença, o carnaval de BH - do qual foi Rainha em 1964 - ou a festa de Momo carioca, na qual brilhava com sua “Portela na Avenida”. Vida de pessoa profundamente religiosa, criada em família de tradição católica, convertida ao Kardecismo e que se orgulhava de fazer parte do povo de santo, fosse na umbanda ou no candomblé. Vida que perpassava o que cantava e como o fazia. Sua performance não era apenas vocal, associava-se a uma forma de vestir-se e de comportar-se no palco e na vida, no meio artístico ou no universo popular que nunca deixou de freqüentar, na Portela, na Serrinha, em Caetanópolis ou em Angola.
Nessa afirmação do popular, Clara identificou-se sobremaneira com o universo afro-brasileiro. Ao entoar “Ê Baiana”, em 1971, evocou a Bahia e suas negras de tabuleiro como símbolos da nacionalidade, afirmando, no mesmo LP, sua vinculação com o continente africano em “Misticismo da África ao Brasil”. Vestiu-se de branco e usou as guias de seus “orixás de fé”, contribuindo para construir uma imagem positiva das religiões afro-brasileiras. Progressivamente, abandonou as perucas do início da carreira e não só assumiu seu cabelo crespo, como procurou deixá-lo cada vez mais “negro”, inclusive com o uso de apliques para aumentar seu volume.
Mas, a negritude em Clara é mestiça, como explicitou no título de seu LP de 1980, “Brasil Mestiço”, ou no show dele decorrente “Clara Mestiça”, de 1981. Afirmar um “Brasil Mestiço”, para ela, não significava negar sua negritude. Pelo contrário, a mestiçagem em sua obra reafirma as diferenças identitárias, mas não as concebe como pólos antagônicos ou estanques. Percebe-as em diálogos e confrontos constantes. Em sua carreira e obra, não apresenta uma idéia de síntese cultural do Brasil. O samba não sintetiza a música brasileira. Por isso, Clara apesar de toda sua vinculação com o gênero, não queria ser rotulada como sambista, preferia a caracterização de “cantora popular brasileira”. Cantar os diferentes gêneros musicais brasileiros era uma forma de afirmar que a mestiçagem não subsumia a diversidade e que esta não poderia ser resumida em um único “gênero nacional”.
Clara gravava compositores populares, tanto oriundos das camadas excluídas socialmente quanto de classe média. Cantava Capiba, Baianinho, Carlos Cachaça, Xangô da Mangueira, Candeia, Caymmi, Romildo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulo César Pinheiro, entre tantos outros, porque sentia em todos eles elementos da brasilidade que pretendia divulgar. Entoava o amor e os orixás, mas também falava das dificuldades e da exclusão social.
Depois de assistir a celebração das cem exibições do show “Clara Mestiça”, apresentado pela cantora em 1981, no seu próprio teatro, no Rio de Janeiro, Antônio Callado, em artigo intitulado “Brasil de Isabel a Clara”, afirmou: “o espetáculo de Clara Nunes (...) vale muitos livros e muita reflexão sobre este Brasil que ficou longe dos olhos” dos governantes, um Brasil popular e mestiço. A afirmação pode ser expandida para o conjunto da obra da intérprete. E é abraçando a sugestão de Callado que, ao se completarem 25 anos da partida de Clara para o Orum, o Inverno Cultural da UFSJ a homenageia, prestando tributo a um “Brasil Mestiço”.
Profa. Silvia Maria Jardim Brügger
Coordenadora de Homenagem do 21º Inverno Cultural
Coordenadora de Homenagem do 21º Inverno Cultural
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