Concerto é parte das comemorações dos 27 anos do Parque das Mangabeiras
Data das mais comemoradas, motivo de congraçamento familiar: a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais não poderia deixar passar o Dia das Mães sem nenhuma comemoração. Por isso, realiza o primeiro concerto da série Clássicos no Parque da temporada atual em homenagem às mães, exatamente no dia delas [próximo domingo, dia 10 de maio]. Tendo como regente o maestro Fabio Costa, a Filarmônica irá executar peças de seis importantes compositores [repertório abaixo], possibilitando que mães e filhos comemorem a data usufruindo da música sinfônica. Como palco, as belas paisagens e instalações do Parque das Mangabeiras, que compõe um dos principais espaços de lazer e cultura de Belo Horizonte e completa 27 anos. Por tudo isso, foi o local escolhido para a realização do concerto especial, que tem início às 11h, com entrada franca.
O REPERTÓRIOO concerto especial do Dias das Mães começa com obra do compositor tcheco Bedrich Smetana [1824-1884]. Na ocasião, os músicos irão executar a Dança nº 3 da peça A Noiva Vendida. Escrita em 1866, trata-se de uma ópera cômica cuja estreia aconteceu na cidade de Praga. Após poucos anos, tornou-se a principal ópera tcheca. Quando criança, Smetana começa seus estudos em piano e violino. Mais tarde, após a morte prematura de dois filhos, entra em depressão e dedica-se mais intensamente à composição. Com o decorrer dos anos, realiza vários concertos e recitais. Por agravamento de uma sífilis, acaba perdendo a audição. Smetana é considerado o pai musical da escola tcheca.
A segunda obra do programa é a abertura da ópera Maria Tudor, do compositor brasileiro Antônio Carlos Gomes [1836-1896]. Executada pela primeira vez em 1879, no Teatro Alla Scala de Milão, a peça descreve a vida de Maria I, filha de Henrique VIII. Sexto trabalho operístico do compositor, é considerada uma de suas mais perfeitas criações. Em paralelo, é também uma obra injustiçada e incompreendida pela crítica da época, que a recebeu de forma fria. Incrivelmente, sua execução inaugural foi um fracasso. Anos depois, chegou-se à conclusão de que se tratava de uma obra de grande sensibilidade artística. Carlos Gomes é considerado o mais importante operista brasileiro do estilo romântico. Sua obra foi marcada pelo intenso espírito de brasilidade e ganhou grande destaque na Europa. Nascido em família humilde, dividia seu tempo entre a música e a alfaiataria. Aos quinze anos já compunha valsas, quadrilhas e polcas; ainda moço, lecionava canto e piano. Foi grande estudioso de ópera e tornou-se amigo próximo de Pedro II. Após um período de várias desilusões e desgostos – além de doente -, morreu num contexto de grande comoção nacional.
Em seguida, a Filarmônica traz a peça Danças Polovtsianas, parte da ópera Príncipe Igor, obra mais importante de todo repertório do compositor russo Aleksandr Borodin [1833-1887]. A obra ficou dezoito anos em trabalho de composição - ficou inconclusa devido ao falecimento do autor – e foi concluída em 1890 por Nikolai Rimsky-Korsakov e Aleksandr Glazunov. Graduado em Medicina, Borodin tinha especial apreço pela Química. Estudava música nas horas vagas e começou suas lições de piano ainda quando criança – é de sua autoria um dueto para piano, composto aos nove anos de idade. Poliglota desde pequeno, foi um precoce autoditada. Escreveu vários tratados científicos e participou de grandes descobertas no mundo da ciência. Aos vinte e nove anos passa a se dedicar com mais frequência à música clássica. Morreu em decorrência do agravamento de uma cólera em 1887. Compôs inúmeras peças para piano, melodias, música de câmara, entre outros.
O Guaratuja, do brasileiro Alberto Nepomuceno [1864-1920], será a quarta peça do concerto do Dia das Mães. Considerada a primeira ópera verdadeiramente brasileira no que tange à música, ambientação e utilização da língua portuguesa, O Garatuja é uma comédia lírica dividida em três atos e baseada em obra homônima do escritor José de Alencar. A peça tem ritmos populares como inspiração de sua composição. Sua primeira execução data de 26 de outubro de 1904. Nascido em Fortaleza, Nepomuceno é considerado o pai do nacionalismo na música erudita brasileira. Seu pai – violinista, professor, organista – foi quem o influenciou ao estudo da música. Começa, então, a dedicar-se ao piano e violino, com apenas oito anos de idade. Na fase adulta, participou do movimento abolicionista e colaborou com jornais da época. Em 1885, muda-se para o Rio de Janeiro e é nomeado professor de piano do Beethoven Club. Três anos mais tarde, viaja à Europa no intuito de ampliar seus conhecimentos musicais. Passou por Roma, Paris e Berlim, estudando harmonia, piano, composição e órgão. Foi grande divulgador da cultura brasileira mundo afora. Como diretor do Instituto Nacional de Música, participou do início da reforma do Hino Nacional Brasileiro, em 1907. Nepomuceno faleceu aos 56 anos de idade.
O compositor tcheco Antonín Dvorak [1841-1904] estará representado no concerto com sua peça Danças Eslavas. O mais conhecido compositor tcheco começou a compor essa obra em 1878, inspirado por certa proximidade com o folclore morávio. Amigo pessoal de Brahms, Dvorak usava a cultura local como fonte de inspiração para suas composições. Dvorak foi diretor do Conservatório de Música de Nova York de 1892 a 1895. Morreu aos 63 anos, em Praga.
Finalizando o concerto, a Filarmônica executa a obra Capricho Espanhol, do russo Nikolay Andreievich Rimsky-Korsakov [1844-1908]. Composta em 1887, tendo as melodias espanholas como ponto de partida, a peça foi pensada originalmente para violino, posteriormente adaptada para execução orquestral com o objetivo de avivá-la melodicamente. Destaque para as técnicas apuradas e articuladas de percussão, mudanças de timbres e desenho melódico. É conhecida pelo brilhantismo quando executada por uma orquestra. De repertório extenso, Rimsky-Korsakov usava fábulas e contos infantis como mote de inspiração em suas composições. Foi responsável por recuperar, de maneira inovadora, a cultura tradicional russa e revolucionar a orquestração musical. Exímio compositor, foi também militar e professor. De família aristocrática, teve sua iniciação musical aos seis anos de idade. Morreu em 1908, em Lyubensk, aos 64 anos, devido a problemas no coração.
FABIO COSTAUm dos mais destacados e experientes maestros brasileiros de sua geração, Fabio Costa é maestro assistente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Também pianista e compositor premiado, com uma experiência de mais de 160 concertos sinfônicos e de ópera em uma carreira internacional, Costa já esteve à frente de várias das melhores orquestras brasileiras, tais como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra Petrobrás Sinfônica, Orquestra Experimental de Repertório, Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo, Orquestra Sinfônica do Paraná, Orquestra Amazonas Filarmônica, entre outras. Nos EUA, em 2000 e 2003, foi Maestro Associado da Sinfônica de Spokane e Diretor de Orquestras da Eastern Washington University, quando regeu mais de 80 concertos para um público de mais de 70 mil pessoas.
Fabio Costa recebeu seu treinamento em regência orquestral e correpetição pela prestigiosa Academia de Música de Viena. Entre produções de ópera dirigidas, destaca-se no Brasil uma elogiada produção de Fosca em 2006, no Teatro Amazonas de Manaus. Como compositor, Fabio Costa possui uma extensa obra e recentemente venceu o II Concurso Cláudio Santoro de Composição Musical, da Academia Brasileira de Música, com a obra Salmo da Terra.
A ORQUESTRA
Desde a sua criação, em fevereiro de 2008, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais apresenta excelência artística e vigorosa programação. Sob regência do maestro Fabio Mechetti – reconhecido pelo trabalho à frente de grandes orquestras dos EUA, Europa e Ásia – instrumentistas mineiros se juntaram a músicos de diversas partes do Brasil e do mundo para construir, em Minas, uma Orquestra que se pauta pelo rigor e excelência artísticos e por apresentar ao público as obras essenciais do repertório sinfônico, além de produções contemporâneas, com solistas de destaque no Brasil e no mundo.
Durante a Temporada 2009 serão realizados 53 concertos, divididos entre as séries Allegro e Vivace, Concertos Didáticos, Concertos para a Juventude, Clássicos no Parque, turnês no interior e fora do Estado. Neste ano, a Filarmônica já recebeu convidados de extremo gabarito no mundo musical, tais como o pianista norte-americano Terrence Wilson – que se apresentou pela primeira no Brasil –, o violoncelista Márcio Carneiro ao lado do regente convidado Ira Levin, a soprano Eliane Coelho, cantora lírica de reconhecimento mundial, o pianista Ricardo Castro e o maestro Carlos Moreno.